Ela olhou para o homem de meia-idade algemado na cama, dando um sorriso nojento e malicioso. O cabelo grisalho ( ou resto dele) estava bagunçado, alvoraçado. Ele apenas trajava um cueca branca, modelo tradicional, e sua barriguinha de cerveja.
A mente da jovem apenas berrava "CENA NOJENTA, CENA NOJENTA, CENA NOJENTA..." e assim persistia, mas ela se concentrou no que tinha de fazer. Aproximou-se da cama, tirou a cueca do urso careca e velho e segurou-se para não rir, pensando em coisas sérias como a saudade que tinha de sua vida normal e do tempo que morava com seus pais.
Ela olhou aquela pobre coisa molenga que estava no meio das perna do algemado e quase sinalizou um sinal negativo com a cabeça.
Sentiu pena, deu meia-volta na cama, pegou as pílulas azuis e enfiou na boca do urso careca. Em seguida voltou para os pés da cama, de pé. Parou um minuto para analisar o quarto escuro, o papel de parede vinho com desenhos arabescos, o tapete de couro de vaca, o abajur espanhol, a cama de mogno e um aparelho de som junto com a televisão no deck de madeira. Um tanto chique, diria se aquele homem não estragasse todo o ambiente com sua feiura e se não cortasse seu pensamento com um "Anda gatinha, vem pro papai".
Ela subiu na cama, deslizou o zíper lateral do vestido preto de franjas, solto o coque alto de madeixas negras. O cabelo preto, quando solto, contrastou com sua pele clara feito neve e seus olhos castanhos, os longos cílios adornavam os olhos. O corpo de uma Vênus de Milo estava coberto com apenas uma lingerie preta de renda bordada a mão e decorado com jóias, como o colar cascata de diamantes e seu anel de pérola negra.
O urso olhava assustado para toda aquela exuberante beleza, ela sorriu com um sorriso de falsa malícia, totalmente forçado.
Ela sentou-se sobre a barriga dele, não sabendo como iria se equilibrar ali. O urso usava um palavreado chulo e ela ouvia sem mudar a expressão, totalmente fria.
"Venha doçura, vou te fazer gemer como se quisesse morrer de desejo".
O estômago da garota se revirou de nojo da frase e do perfume amadeirado daquele homem asqueroso.
Ela desceu os lábios até o ouvido dele e disse "Você que irá gemer, meu amor...", a frase estava inacabada.
Ele iria responder a ela, mas a garota colocou o dedo nos seus lábios, sinalizando para que não falasse. Ele fechou os olhos, desejoso. Algo entre as pernas dele começara a se mover. Era um cena nojenta.
Com o dedo nos lábios dele, mandou que os abrisse, e com a mão direita puxou a arma que estava em suas costas, na calcinha. Era uma Glock.
Pegou a arma, colocou entre os lábios do homem e fechou os olhos. Sentia que a vingança estava chegando ao fim.
Puxou o gatilho, miolos cobriram o travesseiro de penas de ganso.
O estampido ecoou pelo quarteirão.
A liberdade da garota ecoou pelo resto da sua vida, que agora realmente será sua.
A garota que agora será dona de si.
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